22 de nov. de 2007

Ébrio relato sobre possíveis reações do público artístico.




Talvez após 4 anos dentro de uma academia que se denomina "de artes" a paciência para agüentar certos "tipos" dentro do meio artístico tenha se esgotado. Principalmente por saber que estas são as mentes que propagam seu pseudo-saber e sua fingida mente aberta para aqueles que julgam estar saindo do meio acadêmico como artistas. Risos.

Artistas, 'os da profissão liberal', mentes abertas, pensando e subjetivando. Longa ironia. O próprio ato de se considerar artista é repulsivo. Saio, no momento, de uma vernissagem de abertura de uma exposição de um artista aí. Não, sem nomes aqui. A exposição ocorre dentro de uma galeria que por si só tem um ideal absurdo. Uma academia em cuja galeria só é possível expor aquele que tem certificado de uma exposição anterior é uma academia que não acredita no potencial de seus membros e muito menos os incentiva enquanto "artistas" (que piamente acreditam estar formando). A exposição que ocorre é boa, alguns trabalhos que EU (friso: julgamento pessoal, pois acredito que toda aclamada crítica à "boa arte" é um julgamento pessoal muitas vezes dominado pelo interesse) considero bem interessantes. Corria tudo na falsidade normal. Pessoas em seus vínculos sociais cinicamente fingindo que são amigas de infância et cetera. Aí o silêncio, e as atenções que se concentravam no vinho e nas torradinhas sofre uma pequena pausa. Todos, então, entram na galeria, fazem o seu olhar intelectual e o silêncio ocorre.

Cria-se, então, toda a expectativa (ou a fingida expectativa) acerca do discurso. O diretor da galeria pede silêncio e começa seu discurso. Tudo dentro da normalidade. Embora repulsivo, nesses 4 anos foi sempre assim, então a gente acaba se acostumando. O discurso corre, e aí o momento "auge": ele agradece a oportunidade de, pela primeira vez dentro de sua administração, estar trazendo um artista de fora. Vejam: longe de qualquer xenofobia, a galeria que não confia e nem incentiva os próprios "artistas" supervaloriza a arte de fora. Não há, pois, confiança no potencial interno, muito menos no potencial local. Execrável. Sim, execrável. Afinal, ao construir-se um discurso artístico, espera-se um certo nível de intelectualidade de quem o enuncia.

E então, o ápice da noite: a fala do artista. Gostei dele, não age como um artista e, segundo ele, repulsa quando o denominam enquanto tal. Conta suas histórias de infância. A professora Y, sempre tão previsível, ri com todo aquele cinismo e pretensão típicos. Sabem, né.. riso de artista? Taça de vinho na mão esquerda; mão direita na barriga, curva-se a coluna 15º para trás, abre a boca e larga sonoros e espaçados "ha ha ha". Típico.

O discurso continua. E aí, uma daquelas preguiças de pensar principais: "podes nos explicar/falar sobre tuas obras?". Me irrito. Saio da galeria. Receber um alimento mastigado é muito mais fácil do que ter o serviço de mastigar. Sabe aquela coisa.. "ai tou com preguiça de pensar e digerir a tua obra... me explica, moço?"... pois é.

Sento-me, então, do lado de fora desta academia. Fico, pois, sob os olhares estranhos das pseudo mentes abertas que não conseguem entender um sujeito sentado na escada da porta da "academia" (ui!) e escrevendo em seu bloco de anotações. Cinicamente e ironicamente rio.

D. W.,
22/11/2007
20h31m35s

6 comentários:

sorvetedebrocolis disse...

eu sempre gosto da tua visão crítica sobre os olhares de pessoas ao teu nível acadêmico, e eu vejo uma imensa distância entre as pessoas e tu. e eu me orgulho de poder compartilhar de tudo isso, eu aprendo bastante contigo!

Anônimo disse...

21?
quero conversar sobre depois.

diego w. disse...

ai.. era pra ser 22.. mas eu escrevi 21 e risquei por cima, aí na hora de transcrever, eu acabei postando 21.

samanta disse...

também me irrita um pouco artisas com muita pose. aqui em porto eles sao todos iguais (mesmas roupas, mesmos ócculos, mesmo corte de cabelo!) mas eu acho engraçado, na verdade :)

negraticx disse...

essa é a parte das análises do teu tcc?
hhehehehe

gostei, digno, :)
só fiquei pensando quem seria a autora do ha ha ha anguloso, seria a rainha de copas? eheheheh País das Maravilhas, sabe...

roberta barros disse...

achei otima essa critica. e fiquei curiosa pra saber quem eram os personagens (embora isso não importe nem um pouco, é apenas o meu lado humano e sadico =P).

agora que ja nos conhecemos pessoalmente (e rapidamente), posso te linkar no patusca?

=)