26 de mar. de 2007

oê oê oê eu sou mais nerd que você!

Constante adaptação às necessidades e aos meios dos quais se dispõe – habilidade humana de buscar sua sobrevivência através de algo que possui em mãos, em detrimento de algo que já possuiu, e agora não mais. Perde-se a visão e aguça-se a audição. Beethoven, cuja 6ª sinfonia ouço agora, perdeu sua audição, e mesmo assim conseguiu superar [e muito bem, diga-se] a perda – através do tato e dos conhecimentos previamente adquiridos e compôs melodias impecáveis, enigmáticas e únicas. A perda faz o ser humano se superar em busca dos objetivos – suprimir as necessidades.
Necessidades – a energia secreta que sustenta os movimentos de rotação e translação da humanidade, competitividade necessária, não no “mau sentido capitalista”, mas no bom sentido individual. Competir consigo mesmo é um dos motivos pelos quais ainda estamos querendo mais. Nunca satisfeitos – e isso é ótimo.
De insustentável leveza e antitésica complexidade, eis um ser humano.

E então ele pára e se depara com a ausência de um membro. Não, não sofrera nenhum acidente. Um membro que nem todas as pessoas possam considerar essencial, mas que ele, na virtualidade que o corrói, considera quase que como um terceiro braço, ou segunda mão destra. Das mouse kaputt. Em uma hora errada, mas que ainda poderia ser mais errada. Das suas necessidades momentâneas, todas exigiam o mesmo mouse que não era mais reconhecido pelo seu sistema operacional, e tudo unicamente pela não existência de um “drag and drop” que pudesse ser executado através do teclado. Sim, porque até hoje ele ainda está se virando sem o mouse (a necessidade o fez aprender e executar com primor os comandos de teclado que um dia aprendera, ou que aprende ou que ainda aprenderá). Quanto aos trabalhos que necessitavam de mouse... bem... foram entregues – a necessidade de terminá-los fez seu senso logístico preparar um caminho para a execução de tais tarefas, adaptação de horários e contar com a boa alma do ser humano que ele tanto desacredita. E tudo ficou pronto, e tudo saiu como ele queria, ou talvez até melhor. Pensa que poderia ter saído ainda melhor, mas o tempo era curto e não era tempo de pensar isso. Mas mesmo assim sente-se como se sem um braço. Esta perda foi tão forte que até em horários comuns, ausente do computador, sente como se tivesse algo dentro de si em falta. Nos primeiros dias, nem a faca que passava a margarina no pão dos seus sanduíches matinais parecia normal. Mas o ser humano se acostuma a viver com as necessidades, e enquanto ele não poderia enviar o computador para o hospital, está se virando bem – consegue instalar programas e crackeá-los [com toda a ousadia de neologismos que me permito]. Se a tal “seleção virtual” de algum Nerdarwinista realmente ocorrer, pensa estar preparado.

Um comentário:

fabianaheinrich disse...

"Nos primeiros dias, nem a faca que passava a margarina no pão dos seus sanduíches matinais parecia normal."

que drama. ¬¬

eu prefiro a faquinha com margarina no pão ao mouse. mentira. eu estaria anos-luz mais perdida do que tu sem um mouse, porque eu não sei atalho algum.

arschloch pra essa nossa dependência! se bem que tu tens te saído muito bem :) congrats!

e tem aquela, né, que tu mesmo citas: poderia ser pior. e se o teu teclado tivesse kapput?

beso!